Pular para o conteúdo principal

Responsabilidade Humana e a Soberania de Deus



Pr. Valdomiro Cardoso Filho

Do homem são as preparações do coração, mas do SENHOR a resposta da língua.”
Provérbios 16.1


Reflexão Histórica

Devemos considerar alguns aspectos históricos para podermos entender alguns fenômenos e expressões de fé do pós-modernismo.
A perseguição na Igreja tem a sua marca desde o início de sua implantação, mas esses ataques eram realizados focando o aspecto da confissão cristã entre outros, mas durante a chamada “Era das trevas”, a então igreja perseguida é atacada com um conceito destrutivo da condição humana, onde a dignidade e o valor da pessoa são estraçalhados.
Após este período entramos no renascimento, onde ocorre uma busca pela valorização do ser humano, sendo marcado pela literatura, arte e ciência. Depois disto fomos para o iluminismo, neste período o conhecimento científico e a secularização tornam-se os ícones deste período, onde o sagrado é substituído pelo saber.
O modernismo foi caracterizado pelas grandes descobertas, que deram vazão através da tecnologia a sensação de que a ciência seria a última resposta para todas as questões. O pós-modernismo traz a frustração científica e a busca da identidade cultural ligada à globalização.
Neste desenrolar histórico, o filósofo René Descartes diz: “penso, logo existo”, buscando uma resposta objetiva e concreta, a respeito da existência humana, considerando que a única certeza que tinha era que duvidava. Esta frase atravessou todos os estilos: renascimento, iluminismo, modernismo e chega no pós-modernismo com muito mais força do que podemos imaginar.
O antropocentrismo, onde o homem é o centro do universo, o narcisismo, marcado pela busca do belo e o edonismo, o que é bom causa prazer e alegria, são as marcas da personalidade de nossa sociedade influenciada por estes movimentos.

A Responsabilidade Humana

Como o vazio chegou, sem respostas, as pessoas se perdem através de ensinamentos que são anti-biblicos, tudo o que denota secularista ainda tem sido buscado, o que é espiritual continua sem sentido, e as questões do dia a dia ficam sem respostas, ou até mesmo, há o desinteresse em perguntar, se a base do questionamento de Descartes era, penso logo existo e porque duvido e penso existo, temos o indício de que as pessoas deixaram de existir.
O salmista pergunta: destruídos os fundamentos como poderá subsistir o justo? (Sl 11.3). O que está sendo buscado é a ‘espiritualidade capitalista’, lei da oferta e da procura, somente aquilo que pode trazer satisfação para a alma.
Quando falamos da responsabilidade humana, estamos dizendo que o coração do homem pode planejar, sonhar, idealizar, mas precisa ter a direção de Deus, precisa ter a busca de Deus. Como podemos explicar o sofrimento de um cristão, piedoso e fiel, enquanto entendemos que devemos ‘decretar’ as bênçãos, acredito que devemos orar e buscar, clamar e chorar, mas temos que ter o coração centrado de que tudo o que recebemos, é pelas misericórdias de Deus, e que se eu ficar tetraplégico, canceroso, sofrer algum acidente, ter uma doença grave, ser curado ou não, ser livre ou não, isso tudo em nada vai interferir em meu relacionamento com o Senhor e que o poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza e que a Sua graça me basta.
Não resta dúvida de que a igreja primitiva tinha conceitos muito diferentes do que temos, eles entendiam o seu relacionamento com Deus de tal forma, que sofrer por causa do nome de Jesus era glorioso, a nossa responsabilidade é dar continuidade a adoração genuína ao Deus verdadeiro, onde o sentimento que devemos ter é: meu viver é de Cristo, meu morrer é lucro.
A nossa responsabilidade é colocar tudo o que somos e temos na dispensação divina e acreditar na Sua soberania, podemos orar: Senhor se possível afasta de mim este cálice, mas faça a sua vontade e não a minha.
O triunfalismo com a fé utilitária, o qual me faz mandar, decretar, ordenar, exigir, me impedindo de aceitar dificuldades, tanto quanto o ceticismo que me deixa inerte, sem busca, sem oração, sem esperança, ambos devem ser descartados.


A Centralidade na Soberania de Deus

A responsabilidade humana, não fere a soberania de Deus, pois Ele é onipotente, onisciente e onipresente, controla o tempo e a história e através do seu amor nos concede permissões para segui-lo. A orientação a Caim ecoa para todos nós: o pecado jaz a sua porta, cumpre a você dominá-lo.
Todas as coisas foram feitas por Deus, e somente Ele é o dono de todas as coisas. Quando Jesus ensinava enaltecia a importância de fazer a vontade de Deus, de obedecer o Pai, assim estariam construindo a sua casa sobre a rocha, de forma prudente, ouvindo e obedecendo. Jesus ensinou que o homem não vive somente de pão, mas daquilo que procede da boca de Deus (Mt 4.4).
 Quando centramos em Deus, deixamos de cultuar o homem, costumes, épocas, situações. A Bíblia diz: “ Eis que Deus é grande, e nós não o conhecemos, e o número dos seus anos não se pode esquadrinhar. [...] Quanto ao Todo-Poderoso, não podemos compreender; grande é em poder e justiça e pleno de retidão; a ninguém, pois, oprimirá” (Jó 36.26; 37.23).
Jesus veio para “buscar e salvar o perdido” (Lucas 19:10). A responsabilidade nos leva à obediência, mas atitudes irresponsáveis confrontam a vontade de Deus. Um contraste do chamado e resposta de Jonas:
- Deus em sua soberania o chama para uma missão;
- Jonas em sua irresponsabilidade tenta fugir da missão divina;
- Deus em sua soberania faz vir ventos e tempestade contra o barco;
- Jonas por sua irresponsabilidade confessa o seu pecado;
- Deus em sua soberania faz vir uma criatura marítima;
- Jonas por sua irresponsabilidade pede perdão e clama misericórdia;
- Deus em sua soberania concede uma nova oportunidade para Jonas;
- Jonas em sua irresponsabilidade se entristece com o arrependimento dos ninivitas;
- Deus em sua soberania faz crescer uma árvore e manda um verme para comê-la;
- Jonas em sua irresponsabilidade pede para morrer;
Concluindo: o vento, o mar, criaturas marítimas, plantas e até vermes obedecem à Deus, mas o homem na sua irresponsabilidade tende a enfrentar a soberania de Deus. O amor soberano de Deus estende-se a todas as partes da nossa vida.
Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem anjos, nem principados, nem coisas presentes, nem futuras, nem potestades, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.(Romanos 8:38-39)
Não deixemos o egocentrismo pós-moderno invadir os nossos corações, a nossa responsabilidade aliada a soberania de Deus produz obediência.

Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá estás;se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também;se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares, e ainda lá me haverá de guiar a tua mão,e a tua destra me susterá. (Salmo 139.7-10)

Comentários

  1. De link em link, acabei aqui no seu blog. Gostei do conteúdo. Vou me tornar seu seguidor. Aproveito para lhe convidar a conhecer o meu blog. Espero sua visita, meu blog é o pastorapologética e se desejar segui-lo, será uma honra.
    Seus comentários também serão muito bem-vindos.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Contato

Postagens mais visitadas deste blog

FAÇA PARTE DA COMUNIDADE DOS CHAMADOS

  " 28 Quanto ao evangelho, são eles inimigos por vossa causa; quanto, porém, à eleição, amados por causa dos patriarcas; 29 porque os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis. 30 Porque assim como vós também, outrora, fostes desobedientes a Deus, mas, agora, alcançastes misericórdia , à vista da desobediência deles, 31 assim também estes, agora, foram desobedientes, para que, igualmente, eles alcancem misericórdia , à vista da que vos foi concedida. 32 Porque Deus encerrou todos debaixo da desobediência, a fim de usar de misericórdia para com todos." (Romanos 11:28-32 - ARA)   INTRODUÇÃO O livro de Romanos foi escrito aproximadamente no ano 57 dC, e o apóstolo Paulo não ajudou a fundar a Igreja em Roma, mas foi que ficou seus últimos dias conforme está relatado em Atos 28:16-31, apesar da carta ter sido escrita anos antes. O trecho do capítulo onze procede a partir do texto de Romanos 9 e 10 que enfatizam o conflito que há entre Israel e os gentios, ou entre o j...

Unidos na Missão

  “Respondeu-lhes: Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade; mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra.” (Atos 1.7-8) É fundamental que caminhemos na mesma direção, compreendendo qual é o nosso alvo e, assim, entendendo a nossa missão. Fomos chamados para cumprir a vontade de Deus e, como comunidade, podemos potencializar nossa capacidade de alcançar os objetivos que nos foram propostos. Nossa missão é ser testemunhas, onde quer que formos, e a força necessária para isso já nos foi dada em Cristo Jesus. Quando refletimos sobre missão, algumas perguntas surgem: Onde olhar? O que fazer? Como fazer? E por que fazemos? A Missão de Jesus Jesus recebeu toda autoridade do Pai e veio para cumprir a Sua vontade. No mundo, Ele não age por conta própria, mas realiza as obras de Deus, sendo fiel à sua missão. A tarefa que ...

Páscoa! Vida nova com Cristo

Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim.  (Gálatas 2.20) A páscoa para o judeu simbolizava a libertação do jugo da escravidão e o início de sua caminhada para Canaã, a terra prometida. Junto a sua celebração tinham quatro elementos: o pão sem fermento, o cordeiro sacrificado, as ervas amargas e ainda o sangue do cordeiro que fora colocado sobre os umbrais das portas para impedir que o anjo da morte entrasse naquela casa. A Páscoa cristã relembra a última Ceia do Senhor Jesus com seus discípulos, a sexta da paixão com seu sacrifício, o sábado da espera e o domingo da ressurreição. Quando o apóstolo Paulo se refere a sua crucificação juntamente com Cristo, enfatiza a obra de redenção que Cristo fez por nós e que agora nós também devemos viver com Cristo, sendo Ele a nossa razão de viver, a nossa Páscoa! O que o apóstolo aborda é qu...