“Porque o necessitado não será esquecido para sempre, nem a expectação dos pobres perecerá perpetuamente.” Salmos 9:18
O psicólogo social Fernando Braga da Costa vestiu uniforme e trabalhou durante oito anos como gari, varrendo ruas da Universidade de São Paulo, em sua tese de mestrado, pela USP, comprovou a existência da invisibilidade pública. Ele declara: “percebi que um simples bom dia, que nunca recebi como gari, pode significar um ‘sopro de vida’ um ‘sinal da própria existência’. O pesquisador sentiu na pele o que é ser tratado como um objeto, constatando uma percepção humana totalmente prejudicada e condicionada à divisão social do trabalho, nesta situação enxerga-se somente a função e não a pessoa. Muitos esbarravam em seu ombro e nem sequer se desculpavam, em locais onde outrora seus colegas e professores, paravam para conversar com ele, agora ninguém o reconhecia. No início Fernando teve uma sensação muito ruim, sentiu o seu corpo tremer como se ele não o dominasse, sentiu uma angústia, dores de cabeça, almoçava e não sentia o sabor da comida.
Refletindo sobre esta matéria me perguntei se alguma vez fiz questão de cumprimentar os coletores de lixo que de forma profissional e rotineira, vem à minha casa. Como seria para essas pessoas se de vez em quando os esperássemos com uma jarra de água gelada e oferecêssemos para elas, como gesto de gratidão pelo bem que a sua profissão nos faz. E quanto ao frentista do posto de gasolina? Da operadora de caixa do supermercado? Do garçom, recepcionista, vendedor, etc. A impressão que fica, é que essas pessoas são máquinas humanas, que servem funcionalmente a uma sociedade superficial e individualista, que prefere os numerosos contatos nas redes sociais em detrimento de um “bom dia” ao seu próximo.
Muitas vezes estamos em nossos ‘guetos relacionais’, onde conversamos, rimos convidamos para jantares, passeios, perguntamos como foi a semana, mas não atentamos ao estranho, que teria como expectativa uma simples pergunta: “qual o seu nome?”, ou uma pequena afirmação: “que bom que você está aqui”.
O ministério de Jesus foi marcado pela pessoalidade com que tratava as pessoas e como o Mestre se interessava por elas, mesmo no meio de uma multidão percebeu o toque de uma mulher que buscava desesperadamente a solução para o seu problema, conversou com uma samaritana oferecendo para ela a água da vida e demonstrando um profundo conhecimento da sua realidade. Ló percebeu estranhos numa praça e os acolheu em sua casa, Boaz notou e favoreceu a estranha que trabalhava em sua lavoura.
Que a nossa oração seja: Senhor abre os meus olhos para que eu possa ver as pessoas como pessoas, o estranho como amigo, o necessitado como parente, tire de nós a indiferença e quando estiver com os amigos que eu olhe em volta para perceber aquele que está só.
Rev. Valdomiro Cardoso Filho
"Vivendo por Cristo, pela graça e no amor de Deus!"
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