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Mulheres Invisíveis


No dia 08 de março comemora-se o Dia Internacional da Mulher. Escrevo este texto em homenagem às mulheres de todas as idades, etnias, e de todos os lugares do mundo.
É quase certo que todos nós conhecemos alguma mulher chamada Maria, já que este é um nome bastante comum em várias partes do mundo, sejam conhecidas como: Maria, Marie, Mary, “Ô Dona Maria”, etc.
Na Bíblia, Maria é um nome que aparece várias vezes, exemplo:1- Maria, mãe de Jesus, 2-Maria Madalena, que foi perdoada e salva por Jesus, tornando-se grande seguidora dEle (Mt. 27:56, 28:1; Mc. 15:40). 3- Maria de Betânia, irmã de Marta e Lázaro (Lc. 10:39 e 42; Jo. 11:1). 4- Maria mãe de Tiago (Mc. 15:40,47; 16:1; Lc. 24:10). 5- Maria Mãe de João Marcos: (At. 12:12; Cl. 4:10). 6- Maria, discípula Romana (Rm.16:6).
Hoje, apresento-lhes uma “mulher invisível”, que poderia viver em qualquer lugar do mundo. Mulheres “invisíveis” são aquelas que fazem coisas indispensáveis, importantes, mas que, quase sempre, a sociedade não percebe, nem valoriza, elas vivem nos “bastidores da vida”. Trata-se de MARIA PEQUENA, personagem de um poema da poetisa Flora Thomé, do qual transcrevo alguns versos: Maria Pequena: Pequena só no nome... / Sua vida, / um labirinto / de espanto e incerteza, / vagava entre abismos! // Coragem e vontade/ feita de pedra das rochas... / Fez da vida / um instrumento de sacrifícios / num horizonte / que mediava / entre o surdo e o breve / à missão que se lhe impôs! // Numa casa de farrapos / passou a vida / a recolher vidas inocentes, / errantes / e de crenças ulceradas! // E em um vale / de miséria e aflição humana, / essa figura de orvalho / gastou a vida / numa luta permanente! // A Grande Maria Pequena / possuía coração de passarinho... (Flora Thomé, Retratos, 1993, poema 8).
Maria Pequena era casada com um ferroviário. Não tinha filhos, mas, sentindo na alma a angústia da criança carente e sem lar, fundou, em Três Lagoas-MS, o Asilo Poço de Jacó. Com dificuldades, dedicou a vida a ajudar ao próximo, principalmente às crianças órfãs.
Maria Pequena era pequena só no nome, sua grandeza de alma e nobreza de espírito manifestavam-se através de suas atitudes. A determinação de Maria Pequena diante dos obstáculos que se interpunham entre ela e sua missão é descrita como “Coragem e vontade / feita de pedra das rochas... / De pedra pisada”. Apesar de pedra, pisoteada, discriminada, era decidida. “Fez da vida”, ela se fez sujeito de sua existência, não optou nem se contentou em se tornar Maria franzina, Maria Fraquinha, Maria Sensível, Maria Doente, Maria Excluída, Maria Vítima, Maria Inútil, Maria zero à esquerda.
Mesmo não tendo muitos recursos materiais, “Numa casa de farrapos”, como em um vale de ossos secos de esperança, de vidas inocentes e errantes, a vida de Maria Pequena caía como orvalho, como pequeninas gotas a aliviar as dores de vidas frustradas, estragadas, dos farrapos humanos por ela resgatados e regados com sua chuva miudinha, orvalho, de Maria pequenina, capaz dar origem ao Abrigo Poço de Jacó. E Foi à beira do poço de Jacó que Jesus se sentou e conversou com uma mulher samaritana, discriminada pelos judeus tanto por sua etnia quanto pela condição de adúltera, que fora tirar água (JOÃO 4.6-15). Lá, Jesus lhe ofereceu da água da vida.
 No Abrigo Poço de Jacó, Maria Pequena oferecia um pouco de água, como os goles que Jesus desafiou seus seguidores a darem aos pequeninos, a sedentos e famintos marginalizados que buscavam abrigo, pequeno gesto obedecido pela grande Maria Pequena, que era livre e com seu coração de passarinho, alimentou filhotes que não eram de sua ninhada.
Podemos ser “invisíveis” aos olhos do mundo, porém notáveis aos olhos do pai.
“Quanto aos fiéis que há na terra, eles é que são os notáveis nos quais tenho todo o meu prazer”. (Salmos 16:3)



Daura Del Vigna Galvão
Diaconisa IPI Betesda/Mestre em Literatura e Estudos Culturais

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