Pr. Valdomiro Cardoso Filho
“Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias a nós nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, e por quem fez também o mundo; sendo ele o resplendor da sua glória e a expressa imagem do seu Ser, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo ele mesmo feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade nas alturas, feito tanto mais excelente do que os anjos, quanto herdou mais excelente nome do que eles.”
Hebreus 1.1-3
Mudança é com toda certeza um assunto muito difícil de ser tratado, principalmente quando falamos de vida cristã, mas ao mesmo tempo entendemos que refletir sobre ele é essencial e estritamente necessário para a saúde espiritual da Igreja.
Somente queremos alterações ou transformações quando as coisas não estão satisfatórias, é no momento que sentimos o prejuízo ou mal que certo hábito, costume ou até mesmo vício nos causam, aí sim concordamos com as mudanças.
Na criação o Espírito de Deus pairava sobre as águas, o caos (sem forma, vazio e trevas) é transformado em vida, preenchimento e luz. Onde há o Espírito de Deus há vida, e a escuridão é varrida pela glória e majestade do Criador. Na ordem Deus estabelece um relacionamento com a humanidade, sendo esta maculada pelo pecado, ocorre o constante distanciamento da criatura do Criador, é tão significativo que no capítulo seis de Gênesis o Senhor anuncia: “O meu Espírito não agirá para sempre no homem, pois este é carnal!”.
Após estes episódios vemos de forma constante nas Escrituras o progressivo e insistente afastar da humanidade do sagrado, “consolidando ações de membros de uma sociedade construída e organizada contra os princípios de Deus”1.
O texto de Hebreus que inicia o capítulo onze, nos diz que a fé é: “a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem”, ou seja algo que nos estabelece na esperança de um futuro onde não há certezas concretizadas e na realidade do momento em que vivemos, onde há coisas que se esperam e coisas que não se vêem é quase uma contradição falar em “firme fundamento” e “prova”, mas quando tratamos de fé o que está valendo é a Palavra de Deus e como a interpretamos, é como viveremos, como mudaremos, como seremos transformados.
“Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor”(2 Coríntios 3:18)
O apóstolo Paulo ainda nos lembra que no retorno de Jesus, nem todos os cristãos estarão dormindo (mortos), mas que todos serão transformados2. A vida cristã é uma constante transformação, quando lembramos da lagarta a vemos indo em direção a um novo nascimento, onde todas as suas limitações e sofrimento serão suplantadas por uma nova vida como borboleta. Mas se ela se recusar a deixar as mudanças acontecerem ela nunca conseguirá, será sempre lembrada como uma lagarta que morreu sem conseguir alcançar aquilo que estava planejado para ela.
O que ela precisa fazer? Precisa se alimentar, e com a alimentação ela produz a seda e esta fase dura meses. Depois de tudo acabado ela constrói o casulo e fica até o seu corpo sofrer toda a metamorfose. Após isto ela rompe com as suas asas o casulo, aí ela viverá mais uma semana, período em que depositará seus ovos em uma nova folha, a sua missão é reprodução, somente esta metamorfose dá a ela condições disto.
Acredito que estes processos são lições que Deus deixou para refletirmos.
Deus quer mudar a sua vida! Quer transformá-la segundo o Seu eterno e perfeito propósito e Ele insiste nisto, pois falou com a humanidade várias e várias vezes, de muitas e muitas maneiras, utilizando desde os patriarcas, profetas e várias e várias pessoas. Ele quer mudar a sua vida a cada dia, a cada momento. Precisamos entender que apesar de parecer longa e desgastante, a atual situação é transitória.
O apóstolo Paulo também insiste na necessidade de mudanças, em Romanos capítulo doze ele anuncia:
“E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus”. (Romanos 12:20)
Para alcançar estas mudanças é necessário estar consolidado em convicções e certezas, o apóstolo Pedro nos orienta:
“... antes santificai em vossos corações a Cristo como Senhor; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós”;(1 Pedro 3:15)
Somos arrastados por enxurradas de linhas teológicas, movimentos anti-cristãos, movimentos cristãos, são passeatas e mais passeatas, caminhadas e mais caminhadas, mas os corações não estão sendo santificados a Cristo como Senhor. Podemos destacar dois aspectos destes comportamentos: religiosidade e sincretismo.
A religiosidade faz com que pessoas pratiquem vários ritos, mas não há transformação na vida, na mente, no coração. O discurso é muito bonito, a fachada é boa, mas por trás disto estão paredes sujas, emboloradas, mofadas, estragadas. Este mal faz com que a pessoa se esconda atrás de algo, não se alimenta do Espírito de Deus e consequentemente não produz nada, lembram-se da nossa saudosa borboleta em fase larval? Isto não tem nada a ver com religião, a qual conforme o apóstolo Tiago anuncia pode ser pura e sem mácula, mas tem que ser focada ao atendimento do próximo e não se contaminar.
“Se alguém cuida ser religioso e não refreia a sua língua, mas engana o seu coração, a sua religião é vã. A religião pura e imaculada diante de nosso Deus e Pai é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se isento da corrupção do mundo”. (Tiago 1.27-27)
O sincretismo é um fenômeno atual de grande relevância, onde a aceitação e a nutrição de vários conceitos e práticas, traz certezas que afrontam a Palavra de Deus. A tolerância é necessária, o respeito à liberdade de expressão e opinião do outro também são fundamentais, também é necessário amar as pessoas e não os seus conceitos e opiniões, muito menos as suas práticas sejam elas quais forem.
Mas o Senhor nos alerta de que o coração do homem é enganoso, o próprio Senhor afirmou que somos carnais, precisamos vigiar e nos guardar de certas práticas que ofendem à doutrina bíblica, e uma delas é a não reconhecimento que estamos sujeitos ao sofrimento, dor, perca, não nos conformamos, muito menos desanimamos, mas os apóstolos em certa ocasião foram tão desprezados que foram considerados lixo do mundo, foram chicoteados, presos, perseguidos, injuriados, tudo isto é resumido na seguinte frase:
“Mas agora, ó Senhor, tu és nosso Pai; nós somos o barro, e tu o nosso oleiro; e todos nós obra das tuas mãos”. (Isaías 64:8)
Para que o poder de Deus possa ser operado em nossas vidas precisamos ser transformados, para isto precisamos ser renovados.
“Propôs-lhes também uma parábola: Ninguém tira um pedaço de um vestido novo para o coser em vestido velho; do contrário, não somente rasgará o novo, mas também o pedaço do novo não condirá com o velho. E ninguém deita vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho novo romperá os odres e se derramará, e os odres se perderão; mas vinho novo deve ser deitado em odres novos. E ninguém, tendo bebido o velho, quer o novo; porque diz: O velho é bom.(Marcos 2:22)
O tempo de mudanças é hoje, para que amanhã possamos alcançar as mudanças necessárias para uma vida verdadeiramente transformada. O vinho que é tratado adequadamente, envelhece com qualidade, e no final torna-se revitalizado pelo excelente sabor, não podemos misturar as coisas, não há combinação, o vinho novo fermenta mais rápido e pode-se perder tudo, despoje tudo aquilo que é do velho homem, para que o novo seja renovado. (Efésios 4.20-22)
Muito bom, caro colega. Você poderia escrever também para o boletim da Betesda. Que tal?
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