(*)
Valdomiro Cardoso Filho
O
cenário do Brasil não é muito favorável para conter o COVID-19, e não estou
falando de questões climáticas, geográficas ou populacionais, estou me
referindo as questões políticas e econômicas.
Dentre
as questões políticas podemos perceber atitudes imaturas, onde alguns desejam
mostrar que são melhores que outros. O atual governo tem realizado declarações controversas
com relação a questão COVID-19, parece que o Chefe do Executivo e o Ministro da
Saúde estão tratando de pautas distintas, com posicionamentos diferentes, dando
a ideia de que os interesses políticos estão conflitando com os interesses da
saúde pública, e ainda percebemos um oportunismo para a disputa ideológica,
acusações das mais diversas, seja da Câmara, Senado, Governadores e Presidência,
quando todos deveriam priorizar os interesses nacionais, que nesse momento é o enfrentamento
da pandemia do Corona vírus.
Sabemos
que essas divisões existem, mas quem
tem um mandato, tem a responsabilidade de liderar para todos, sem promover
facções, discórdias ou declarações que beiram ao ridículo, atacando veementemente
a imprensa A, B ou C, reclamações de perseguições e ainda outras afirmações que
não são pertinentes para o momento, mero oportunismo, isso tem que parar!
O
último pronunciamento do Presidente Jair Bolsonaro foi totalmente inapropriado e
irresponsável. Ele precisa ouvir seus assessores e até mesmo o Ministro da
Saúde, que tem enfatizado os perigos e a iminente perspectiva de caos na saúde,
tentando evitar de todas as formas o colapso no Sistema Único da Saúde (SUS).
Quanto
as questões
econômicas,
vemos argumentos pífios sendo usados, como o do Pr. Silas Malafaia repetindo o
discurso de Donald Trump dizendo: “A cura
não pode ser pior que a doença”, ou seja, é melhor manter a economia estável
a custa de vidas, afinal de contas a maioria das mortes são de pessoas idosas,
não é mesmo? Ao invés de falar de conspiração chinesa, incentivar o distrato
internacional ou defender a viés do “fim
justifica o meio”, deveria pregar o Evangelho, se não for isso, então que
se cale, porque é vergonhosa a sua abordagem.
Pessoas
são mais importantes que agendas, mais importantes que lucros, se for ter algum
prejuízo que seja financeiro mesmo. Porque não incentivar a caridade e a
solideriedade? Porque não falar da importância de assistir aos pobres? Dos mais
abastados compartilhando com os menos afortunados. Não era assim na Igreja
primitiva? Não é isso que a Palavra de Deus ensina? Ao invés de defender a
viabilidade econômica a fim de evitar o “caos social” e promover o ódio,
deveria ser anunciado o perdão e a graça divina.
Os
EUA foram citados como exemplo, conforme pronunciamento de seu Presidente, eles
levarão alguns dias para se posicionarem quanto ao plano nacional de
enfrentamento ao vírus, defendendo o fim do isolamento social, enquanto
isso, nos últimos quatro dias, em seu país, aumentaram os números de infectados
com o COVID-19 de forma exponencial, algo em média 9.795 por dia (conforme
tabela abaixo). As suas medidas de prevenção têm sido modestas e os resultados
apresentados demonstram um quadro negativo, haja vista que, atualmente são o
terceiro país com mais infectados no mundo e em breve deve ultrapassar a Itália
e quem sabe ainda este mês, até mesmo a China. Qual é a prioridade do seu
governo? Proteger a economia ou a população?
Nos
últimos dias o Brasil, em diversos Estados e municípios, tem tomado medidas
firmes contra o vírus, sendo que nesta semana, as medidas foram mais amplas e
rígidas. Percebemos claramente uma diminuição no índice de contágio, como
demonstra a tabela abaixo:
Fonte:
https://www.worldometers.info/coronavirus/#countries
As
contaminações aumentaram em 32% em território nacional, todavia, em virtude das
ações preventivas, como ações de isolamento social e desinfecção domiciliar,
diminuiu-se para 23%. Os índices que estavam ultrapassando a curva com relação
aos infectados e previsão, tem sido revertido com a diminuição de pessoas
infectadas, simbolizando algo em torno de 550 pessoas a menos, considerando
dois dias apenas.
Se
observarmos a evolução exponencial que a pandemia tem alcançado, tais números
são significativos, porém, temos que continuar com as medidas de segurança, pois,
a cura não será pior que a doença.
#fiqueemcasa
* http://lattes.cnpq.br/7726153898874373
Todos dados tabelados pela fonte: https://www.worldometers.info/coronavirus/#countries
Revisão do texto:
Leonardo César Garcia
Luciane Andriela Cardoso
Tabelas adicionais:
Muito interessante e esclarecedor o artigo.
ResponderExcluirObrigado professor.
ExcluirAgradeço ao Leonardo César Garcia e Luciane Andriela Cardoso pela revisão do texto.
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